quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Nada de novo no front, mas fácil de assistir



Me agradei do título. Deu impacto, sabe.

Histórias De Amor Duram Apenas 90 Minutos. Tá com uma cara de que vai entrar pra vala cult modernosa, mas eu não ligo. Não tem nada de extraordinário, mas agrada caso você não lembre ou até nem saiba que Woody Allen, Domingos De Oliveira e Alain Resnais já falaram sobre o mesmo assunto.

Caio Blat é o infeliz trintão desocupado cujo grande problema é amadurecer. Escritor frustrado, jamais consegue terminar o livro de sua vida e enquanto isso não acontece, ele devaneia tentando encontrar o significado entre a vida e a arte, fumando e trepando sem parar. Escravo do acaso e rei da filosofia de boteco, ele desenvolve uma neura sem sentido (Ó o Resnais aqui ó) e abraça a causa, deixando a libido tomar conta da valsa na tentativa de amar e ser amado. 

Se uma história de amor dura 90 minutos, fiquei sem saber. O filme tem 98 minutos de sabor urbano e irretocável graças á breguice do personagem e sua confissões mescladas de noir e romantismo. Não faltam conversas sobre arte e piadas literárias. O erotismo está em cena, de altíssima voltagem mas sem descambar pra vulgaridade, pra afirmar que atração intelectual e sexual é basicamente a mesma coisa. Sabe, "Oh, eu gosto de Virginia Woolf..." / "Jura, eu também... então me come!", algo assim. 

O cenário é a Lapa, nascedouro da boemia carioca e lugar perfeito para os devaneios de um gênio incompreendido, outro Casmurro que é corno sem ter certeza e corneia pra fazer a alegria da galera.

A linguagem cinematográfica cativa desde o início, dosando o drama existencial profundo tal qual xícara de cafézinho com a comicidade brasileira honesta e dolorida. É o filme de estréia de Paulo Helm e pra ruim não serve. Se melhorar no próximo, a gente agradece, tá?

Duas mulheres muito gostosas estão em cena. Maria Ribeiro é a esposa emancipada de Caio Blat e a argentina muy guapa Luz Cipriota, falando um português canhestro sem necessidade, é a aventureira Carol, maiores colaboradoras da confusão ideológica disfarçada de tesão excessivo do protagonista. Se nada mais te agradar no filme, Maria e Luz com poucas roupas servem de desculpa pra você fazer farol com a turma do bar dizendo que o filme é imperdível.

Hugo Carvana, mal aproveitado, aparece numa pontinha de humor pastelão. Daniel Dantas é o personagem mais sensato do filme e autor de uma frase marcante: "Problema com mulher é praticamente um pleonasmo!"

Outra que merece destaque é Lucia Bronstein como a piradíssima cheirada, daquelas capazes de morder a testa, que resume toda a confusão numa lição de vida inesquecível: "Sabe qual o melhor remédio? Uma foda! Uma foda bem dada! Uma foda alucinante!"