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terça-feira, 12 de outubro de 2010
Coisas De Adolescente
Se você foi adolescente, deve ter vivido aquela paixonite colegial e teve aquele amigão brother e um outro, que se revelou um baita traíra. Foi vítima da fofoqueira da escola, juntou a galera e foi num puteiro. Que atire a primeira pedra aquele que nunca mentiu para a mãe que estava estudando com os amigos, só pra fumar um cigarrinho com ciência, escondido.
A loira mais sexy e vazia da escola, que ficava com todo mundo, foi o seu sonho de consumo e nesse meio tempo você não percebeu o amor secreto daquela amiga que você tratava feito brotherzão, né?
Se você viveu isso tudo, a sua adolescência foi do caramba e você deveria assistir As Melhores Coisas Do Mundo. Sentar diante da televisão para curtir o novo filme de Laís Bodanzky, mãe do tremendo Bicho De Sete Cabeças, é despertar no coração um facho de nostalgia.
O fumar sem saber só pra fazer um grau, aprender violão para impressionar as meninas, deixar nascer uma nova consciência ao participar do grêmio estudantil, enfim. O roteiro de Luís Bolognesi, adaptado com exatidão dos livros de Gilberto Dimenstein e Heloísa Prieto, defende a nossa melhor época, de fazer escolhas e amargar renúncias, buscando uma nova posição no mundo e amadurecendo do jeito que bem nos agradar.
Os personagens são cheios de doçura e simpatia, escapam do estilo Malhação sempre que respiram realidade e convencem. Francisco Miguez é o protagonista, o Mano, formando uma dobradinha cheia de ternura com Gabriela Rocha, a Carol da galera. Até o Fiuk, defendendo a tragédia inevitável de um emo existencialista, revela-se um ator convincente.
A galera de responsa é encabeçada por Denise Fraga e José Carlos Machado, os pais divorciados que detonam o amadurecimento. Caio Blat e Paulo Vilhena representam em pontinhas os ídolos da adolescência de alguns sonhos inconsequentes daquela época.
Alguns clichês na história são inevitáveis. Nós é que adoramos vivê-los e reprisá-los. É disso que o filme trata. Transformar a realidade e crescer. Observar o mundo agigantando diante do olhar, vencer preconceitos e sobreviver com a cuca boa diante das mudanças, agradáveis ou não.
Something na trilha sonora, uma ou outra pegadinha visual tipo Requiem Para Um Sonho, cortesia de Daniel Rezende, vencedor do BAFTA e montador de Cidade De Deus.
Fazer o quê? A vida e o cinema estão cheios de clichês. O lance é ver ou viver o clichê de forma diferente. It's up to you.
"Dá pra ser feliz depois que a gente cresce. Só é um pouco mais complicado.", profetiza Mano, o nosso herói. Outras coisas aparecem na vida da gente depois que amadurecemos. Mas, algumas das melhores mesmo, a bomba de chocolate da padaria ou um grande amor, vivemos só na adolescência.
Retorne ao ontem, recorde a sua melhor fase com esse filme.
Não dói nada, eu acho.
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2 comentários:
Parabéns pelo Blog cara, está muito legal!
E hoje quando acordei, já sóbria, lembrei do nome: Tarkoviski. E o filme dele que eu estava lembrando ontem era O Espelho, mas o leite derramado ele usa sempre nos filmes, ou pelo menos faz alguma referência a isso ;)
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