domingo, 26 de julho de 2009

Vampirismo De Luxo

FOME DE VIVER

Primeiro filme de Tony Scott como diretor, vindo do mercado publicitário e dos videoclipes. Scott começou sua carreira aqui, graças á Alan Parker, o diretor escolhido pelos produtores para tocar o barco. Parker indicou Scott aos produtores por não se achar capacitado para conduzir a história e disse que Tony tinha um estilo muito bom.

Como o Barry Lyndon ou O Iluminado de Kubrick e até mesmo o Nosferatu de Herzog, esse filme está dividido em duas experiências: ele é visual ou sonoro.
Se você tirar o som e ficar de olhos nas imagens, ou apenas ouvir os sons, sairá ganhando.

É um orgasmo de autor, pesadelo publicitário oitentista, datado, cheio de fumacinhas e música eletrônica. Scott tem uma preocupação tremenda com os cenários, as cortinas e a iluminação. Nada está fora do lugar e cada detalhe tem um efeito tremendo.

Catherine Deneuve vestindo Yves Sain-Laurent, é a belíssima vampira remanescente do Egito antigo. De tempos em tempos ela seleciona um parceiro para amar com a falsa promessa da vida eterna. O roqueiro David Bowie, tão afetado quanto o filme, é o lover do momento que percebe tarde demais o quanto Deneuve é mentirosa, pois ele está envelhecendo, virando uma múmia ambulante num excelente trabalho de maquiagem de Dick Smith, o criador da cara abominável da Regan em O Exorcista.

Ou seja, vida eterna e juventude, eram conversa pra boi dormir. Deneuve é uma predadora e está morta de medo de ficar sozinha com todos aqueles caixões dos antigos parceiros no andar superior de sua mansão. Seu instinto de caçadora e o coração necessitado fazem com que ela saia em busca de uma nova companhia para sorver jugulares nas noitadas ao som de Ballhaus.

Susan Sarandon no auge da sensualidade, é a cientista meio sapata que se encanta com Deneuve e as duas trocarão as melhores carícias lésbicas já vistas no cinema, ao som de Dellibes, perdidas entre esvoaçantes lençóis e cortinas brancas, lambuzadas de leve, com um sangue meio aguadinho que insiste em escorrer cama abaixo.

Fala-se pouco, ninguém morde o pescoço de ninguém. A turma em cena está mais preocupada em perder a carinha bonita. Um padece perante a velhice, outro sofre de solidão, mas tudo com um requinte e uma frescura inebriante. É gente bonita fazendo alarde por causa da beleza. São todos sofredores bem vestidos, transbordam uma elegância sem tamanho que nem dá espaço para o terror. Até os sustos são finos demais.

Tenicamente impecável, o filme começa a incomodar na metade. Scott e seus roteiristas, adaptando o romance de Whitley Strieber, não souberam o que fazer com os personagens perdidos em tanta sofisticação, e de um jeitinho sem graça, toda essa festa é apenas para dizer que a vida eterna é um saco.

Um comentário:

Bibi. disse...

Nossa, este filme tem muita classe!!!!!!Adorei!