
Randy “The Ram” Robinson é a Norma Desmond da luta livre, curtindo as mágoas do seu crepúsculo particular. Atormentado por lembranças, embriagado pelas glórias e esperançoso com o distante sucesso. Sobrevive de lutas armadas e sangrentas.
Não tem dinheiro para o aluguel, mas não falta o troquinho das strippers e dos esteróides. Usa a força outrora aniquiladora para descarregar caixas num supermercado. É a triste realidade de um brucutu falido e decadente, uma montanha de músculos que quase não pensa, mas sofre demais.
Surdo e infartado por conta de uma luta de virar o estômago, o ídolo caído começa a sentir o medo da solidão. O pior ringue é o cotidiano o cruel adversário é o fracasso e o prêmio, é a vida não vivida, que chega de mansinho no sorriso desperto na filha negligenciada e na descoberta do amor.
Surdo e infartado por conta de uma luta de virar o estômago, o ídolo caído começa a sentir o medo da solidão. O pior ringue é o cotidiano o cruel adversário é o fracasso e o prêmio, é a vida não vivida, que chega de mansinho no sorriso desperto na filha negligenciada e na descoberta do amor.
A escolha de Rourke desde o início pelo sábio diretor, dificultou até o financiamento do filme. Os produtores queriam Nicolas Cage (deus nos livre!) e não acreditavam no potencial de alguém obsoleto e com talento para confusões.
Mas essa história é manjada, Cidadão Kane levou pau da crítica na estréia, Jack Warner não acreditava no potencial de Bette Davis e Joan Crawford já envelhecidas e Blade Runner foi um fracasso de bilheteria. A teoria aplica-se perfeitamente aqui. Não é o retorno triunfal de Rourke ao cinema. Ele sempre esteve por aqui e deu o primeiro tour-de-force em Sin City. Agora chegou a vez de esboçar a dor, digna de lágrimas e piedade, paralela com a sua própria realidade de astro em fim de carreira.
Se ele está acabado e não tem mais o rostinho de galã dos anos 80, o que fazer?
É a lei natural, o peso da idade e o preço que se paga pelas loucuras e exageros.
Se ele está acabado e não tem mais o rostinho de galã dos anos 80, o que fazer?
É a lei natural, o peso da idade e o preço que se paga pelas loucuras e exageros.
Peito cai, barriga cresce, bunda fica flácida, são coisas da vida. Brigite Bardot não é mais uma gracinha, Robert Redford não arranca mais suspiros e Meg Ryan já está com a boca na orelha. Beleza e talento raramente andam juntos. Rourke perdeu violentamente no primeiro quesito, mas no segundo melhorou com o tempo, e muito.
O que falta de beleza para Rourke sobra para Marisa Tomei, uma espocada de tesão e simpatia em cena como Cassidy, a stripper benevolente que ensinará Rourke a olhar o lado bom da vida, entre doses de tequila e danças quentíssimas no colo do grandalhão. Evan Rachel Wood, em curta participação, é a filha esquecida e feroz do lutador, responsável pelos momentos lacrimosos necessários a trama.
Mais um ponto bem marcado por Darren Aronofsky, um diretor com uma paixão toda especial por mentes perturbadas e titereiro de personagens cheios de amargor. Sua visão realista e dilaceradora de perturbações psicológicas e sentimentais, costuma levar o espectador ao delírio. Ele não deixa barato e transforma o roteiro vívido de Robert D. Siegel numa odisséia construída no limite da veracidade sufocante.
É inevitável a comparação carinhosa: Randy é tão sofredor quanto Max Cohen, Sara Goldfarb e Tom Creo, personagens distintos da curta e fabulosa filmografia de Aronofsky.
O que falta de beleza para Rourke sobra para Marisa Tomei, uma espocada de tesão e simpatia em cena como Cassidy, a stripper benevolente que ensinará Rourke a olhar o lado bom da vida, entre doses de tequila e danças quentíssimas no colo do grandalhão. Evan Rachel Wood, em curta participação, é a filha esquecida e feroz do lutador, responsável pelos momentos lacrimosos necessários a trama.
Mais um ponto bem marcado por Darren Aronofsky, um diretor com uma paixão toda especial por mentes perturbadas e titereiro de personagens cheios de amargor. Sua visão realista e dilaceradora de perturbações psicológicas e sentimentais, costuma levar o espectador ao delírio. Ele não deixa barato e transforma o roteiro vívido de Robert D. Siegel numa odisséia construída no limite da veracidade sufocante.
É inevitável a comparação carinhosa: Randy é tão sofredor quanto Max Cohen, Sara Goldfarb e Tom Creo, personagens distintos da curta e fabulosa filmografia de Aronofsky.
E que venha um novo filme dele, rápido!