sexta-feira, 22 de maio de 2009

Nicolas Cage e os Masoquistas

8 MM

Um monte de perversão, masoquistas e pederastas. Devassa chique e apática, no submundo da sacanagem fatal, tipo um documentário mondo dos anos 70 com aberrações sexuais.
É o gótico de boate, o punk elegante.

O conteúdo é a sacanagem, mas o resultado é classe A, de estúdio grande sobre a violência que enlouquece e afeta a cabecinha da gente.

Pelo assunto abordado, o tratamento poderia ser pesadão. Mas o diretor é Joel Schumacher, um peão sem estilo que faz tudo sem ousadia resultando em coisas herméticas e previsíveis. Cronenberg talvez fosse o cara certo para a liderar a zoeira, basta ver Videodrome ou Crash para saber o quanto ele sabe lidar com perversões e violência.


É o mito do snuff-filme, com um assassinato ocorrendo na tela, que puxa os fios da meada para o detetive vivido por (puta merda!) Nicolas Cage.

Como em qualquer trama detetivesca, mexer onde não deve chama atenção e atraem coisas, pessoas e ameaças. Cage vai lá, desconexo em sua carantonha de bunda, investigar um filmezinho bem bandido na casa de um milionário que acaba de morrer.

Alguns momentos envolvendo dois ou três pervertidos chegam a ser risíveis. Claro o assassinato é revoltante, mas Cage não precisava fazer cara de dor ao vislumbrar uma cena de sexo oral na janela alheia durante as investigações.

Um pouco de putaria nunca matou ninguém, mas no filme ela endoida de um jeito que dá medo.

O elenco de apoio, pra variar, sai-se melhor que Cage. Joaquin Phoenix, afetadíssimo, bate o pé e diz que é hetero, mas sua mise-en-scène revela uma leve frescura magnética. Ele trabalha numa loja de sacanagem, é o oráculo de Cage e demonstra inteligência pop ao ler A Sangue Frio de Truman Capote.

Os vilões são detestáveis, gente da pesada, que pendem para a baitolagem adquirida. James Gandolfini é o cafifa produtor de filmes de sacanagem, Anthony Heald é o advogado, Peter Stormare é um rabisco de pornógrafo e Chris Bauer é o animal sem cérebro. Myra Carter é a amedrontada contratadora de Cage.

Jenny Powell, era apenas uma stripper contratada como dublê de corpo no filme e acabou ganhando um papel importante, é a vítima do filme que tanto mexe com a cabeça de Cage.

Catherine Keener mais perdida que cupim em metalúrgica, é a esposa de Cage que ousa quebrar as regras representando o lado família, jamais permitido num filme de detetives. Os private eyes são caras duróes e solitários e não papais dedicados.

A fotografia monocromática que divide o preto masoquista com a claridade de dias felizes é de Robert Elswitt. A música muito esquisita é de Michael Danna.

2 comentários:

mysteriouskin disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
mysteriouskin disse...

Cronenberg teria feito melhor, realmente! E sem Nicolas Cage! Lembra do "Thesis - Morte ao Vivo" um filme sobre snuff movies de arrepiar? Pouca gente viu esse filme.