
Brian De Palma apocalíptico, um ano depois de Carrie, montado no sucesso e sob o jugo de um grande estúdio num filme bem pago e produzido sobre telecinésia (de novo...), terrorismo e os putos do governo por trás de tudo numa conspiração tenebrosa.
Um homem em busca de seu filho sequestrado para fins excusos, perde-se num emaranhado de armações, poderes mentais e gente malvada. Sobra tempo para o amor, algumas piadas e a salvação do planeta.
O auê estético é satisfatório. De Palma aproveita para ensaiar tudo o que intensificaria com o passar dos anos: a ameaça onipresente, a câmera lenta e o suspense alongado as raias da loucura.
Estava engatinhando, cheio de promessas, já sabia conduzir o nervosismo deixando a câmera trabalhar, preocupado com tudo ao seu redor e descobrindo a luz no voyeurismo.
Pega Hitchcock, claro. Faz o protagonista atravessar o país numa aventura trepidante e bem humorada, tal qual Cary Grant em Intriga Internacional. Coloca o sangue e apresenta o shopping center e o elevador panorâmico que mais tarde usará em Dublê de Corpo.
O editor Paul Hirsch certamente viveu um calvário para ordenar tantas seqüências em câmera lenta e alguns momentos de pura apoteose, festinha visual.
Mas, se extrairmos os golpes visuais e criativos do diretor que transforma uma simples perseguição no meio da rua num exercício de tensão, o roteiro balança entre altos e baixos. Autoria do escritor John Farris, trabalhando com seu livro.
A história não traz surpresas, é brejeira e quadrada.
Elenco de primeiríssima qualidade, o que atesta a grandiosidade do produto.
Kirk Douglas é o velho Spartacus. Sexagenário, mas um bom herói. John Cassavetes é o vilão blasé, que apesar da ferocidade facial, não demonstra muito interesse na parada. Fiona Lewis faz a dobradinha do mal com Cassavetes. Os dois sofrerão as mortes mais inventivas e retumbantes já vistas num filme.
Carrie Snodgress com a voz rouca inconfundível e o sotaque caipira, é a amante de Douglas. Amy Irving, uma gracinha, fica com as honras e o poder de Sissy Spacek do filme anterior. Andrew Stevens é o filho de Douglas, tão expressivo quanto um tijolo.
Pontas de Charles Durning, Carol Eve Rosen e Rutanya Alda.
Dennis Franz, ator-fetiche de De Palma, já está em cena. William Finley é o louco.
Daryl Hannah estréia no cinema como a coleguinha malvada de Amy.
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