sábado, 2 de outubro de 2010

Meu primeiro Altman



Se você me conhece profundamente deve saber que eu curto Robert Altman e um dos meus filmes favoritos é Pret-à-PorterEu também adoro Quando os Homens São HomensShort Cuts, Nashville, Assassinato em Gosford Park, Cerimônia De Casamento, A Última Noite e confesso que M*A*S*H não mexe comigo.

Pret-à-Porter foi o meu primeiro Altman, e ajudou a despertar esse tesão incontrolável pela sétima arte, e daí pra frente (ou pra trás e pros lados), descobrir o cinema desse autor americano, é um prazer inenarrável. A turma que viu Short Cuts porquê comprou aquele livro dos 1001 Filmes Para Ver Antes De Morrer, não sabe da missa a metade.

Filme do Altman tem que ter MUITA gente andando pra lá e pra cá, a câmera nem um pouco preocupada. A preocupação é cruzar vidas de forma voyeurística e mesclar histórias. Brincar com a cronologia, criar suspense, eriçar a curiosidade, emocionar, divertir e liberar a imaginação sobre o quê aconteceu com quem.

Isso é Altman. Crítica social e humor negro fazem parte do pacote. É só masturbar os 90% restante do cérebro, que você percebe. Coragem. Não dói nada.

O roteiro do diretor em dobradinha com Barbara Shulgasser, tira a maior onda com a futilidade do mundo fashion e causou comoção com estilistas e modelos na época do lançamento. Toda esse gente sentiu-se ridicularizada com o filme.

Azar o deles, o espírito é esse. O cenário é Paris e o filme foi injustiçado e incompreendido, tal qual Blade Runner e Cidadão Kane. Quem sabe daqui trinta anos, ele vira um clássico indispensável.

O elenco é uma guerra. Sophia Loren, Marcello Mastroianni, Anouk Aimée, Jean-Pierre Cassel, Kim Bassinger, Lauren Bacall, Stephen Rea, Teri Garr, Tracey Ullmann, Sally Kellerman, Linda Hunt, Richard E. Grant, Forrest Whitaker, Rupert Everett, Tim Robbins, Danny Aiello, mais umas duas mil pessoas e a mãe do Badanha amarrada num piano.

Altman homenageia Ontem, Hoje e Amanhã, alguns mistérios risíveis surgem pelo filme, em meio a porres homéricos. A atenção é disputada. Grace Jones canta La Vie En Rose no final. A trilha sonora é cortesia de Michel Legrand. Pra quem curte anorexia, tem um monte de mulher gostosa. Um assassinato aconteceu ou não.

O final desfere um tapa tremendo na falta de criatividade. Nesse meio tempo, alguns personagens podem parecer inúteis em cena, mas são tão engraçadinhos. Como certas pessoas na vida da gente, sabe?

E se você gosta de moda, precisa assistir. São os anos 90 e figuraças como Christian Lacroix, Issey Miyake, Jean-Paul Gaultier, Claude Montana, Thiery Mugler, Sonia Rykiel e Nicola Trussardi aparecem em cena, participando da brincadeira.

A vida alheia está em cena para você acompanhar.
Então, corre e assiste. Caso não goste, pode vomitar lá fora.

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