terça-feira, 9 de novembro de 2010

A Hora da Porquice (toda a minha fúria)


A porquice... oh, a porquice!
Mais suíno que o remake de Haloween, um sacrilégio em celulóide.

Satisfatório só visualmente, de tudo que é jeito. Elenco cheio de gente bonita, fotografia estilosa e pirotecnia pra encher linguiça. Coisa feita para a nova geração entender, coisa que é um chute bem na costura do saco.

Quando a nova geração quiser conhecer mitos, que vá a luta e force o cérebro. Assista os clássicos e pare de dar risada da precariedade dos efeitos antigos.

O roteiro ruim que nem esporro de professora de matemática, oferece apenas a perversão de uma idéia originalíssima surgida nos anos 80 e prostituída em 2010 por seu criador Wes Craven. Sinceramente, Wes foi muito mais feliz com os remakes de Quadrilha De Sádicos e Aniversário Macabro, Viagem Maldita e A Última Casa, respectivamente.

O novo argumento saiu do intestino de Wesley Strick, do cérebro é que não foi nem a pau. Em dias melhores, Strick roteirizou Desejos, Cabo Do Medo, Aracnofobia e Lobo.

Aí ele perdeu a razão e também roteirizou A Casa De Vidro e Doom. Até hoje ele não recuperou a sanidade e o que vemos em cena é a mistura de quatro finalistas dos quinze esboços rabiscados por Strick para este remake. Cheio de burrice, o cara limou até o pai meganha da mocinha, um dos heróis da trama original.

Terror não tem. Nem clima. É um filme limpinho e honesto, com a besteira do susto mútuo. Mãe chegando por trás de filho, amigo surgindo por baixo do outro, cagaços rasos e previsíveis que puxam o pé sem a ousadia de puxar para baixo da cama. 

Deveria ser mais um prequel contando a história de um dos grandes monstros do panteão do horror, o imortal Freddy Krueger. Sua história aparece apenas no final e impressiona de forma grotesca porque se aproveita de maus tratos infantis. O remorso dos jovens perseguidos em pesadelos por Freddy, graças a atitude criminosa dos pais, é de envergonhar a mãe do guarda. 

Fuzilamento pro elenco é pouco. Rooney Mara é a Nancy toda depressiva, dark de boutique. Kate Cassidy, um projetinho de Charlize Theron mal aproveitada por ser a única gostosa do filme e não brinda nenhuma cena com trajes mínimos, outro estupro de uma regra sagrada do filme de terror. Kyle Gallner, Thomas Dekker e Kellan Lutz contabilizam as vítimas masculinas. Clancy Brown é o pai feroz em dobradinha com Connie Britton, a cara dura que não consegue expressar pavor. 

O astro principal virou um coadjuvante. Reduziram o Freddy a pó de traque, com maquiagem pobre que deixou o rapaz com cara de lagartixa. Jackie Earle Haley foi o infeliz escolhido para usar o suéter do Fluminense e a luva de navalhas depois que Billy Bob Thornton fugiu, com razão, do filme. Jackie só meteu medo em alguém como o pedófilo de Pecados Íntimos. Aqui ele é um nanico desconexo, um monstro apático. 

Para o elenco dos clássicos, os produtores ofereceram uma participação a John Saxon, o pai da Nancy no filme original. Robert Englund que é bom, o primeiro Freddy, não foi considerado nem para o papel ou pontinha foi oferecida. É o primeiro filme sem o cara que participou religiosamente de todos, incluindo a série de televisão de 1988.

O pesadelo é na rua Elm e o nome da rua nem é citado no filme. O culpado pagante de tudo é Michael Bay, que deveria enfiar o rabo entre as pernas e continuar produzindo só filmes mirabolantes e divertidos com carros robóticos e deixar o terror de lado para sempre

Tão empolgante quanto uma reunião dos Vigilantes do Peso, o filme me fez andar de um lado pro outro na frente da televisão, torcendo pra acabar. A hora do pesadelo só começou quando constatei que meus cigarros é que estavam acabando.

Um comentário:

tablis disse...

eu sei que voce precisava assistir, eu tb...mais eu preciso falar a famosa frase...

"eu avisei"