domingo, 28 de novembro de 2010

Piada sem graça



Leslie Nielsen morreu na madrugada de domingo e a semana começa sem graça. Quase todas as semanas começam sem graça, mas o cinéfilo é paga pau da sétima arte e quando morre um astro, ficamos cheio de dor.   

Coincidências a parte, na tarde de sábado revisitei Creephshow, rara ocasião em que Nielsen faz papel de vilão e mata Ted Danson na praia com o movimento da maré.

Morreu o ator que os nossos pais e avós nem sempre lembravam o nome e nos almoços de família costumavam chamá-lo de o velho da cabeça branca que fazia aqueles filmes engraçados. Já vi gente confundir o Leslie Nielsen com o Steve Martin.

Nem todo mundo sabe quem é Leslie Nielsen, mas todo mundo conhece Frank Drebin, o policial deliciosamente estúpido que detonava a recepção da rainha Elizabeth, passava uma lixa na bunda de um cadeirante e num grand finale de trilogia, arrebentava aos pontapés a noite do Oscar apenas para manter a paz nos EUA.

Nielsen garantiu muitas risadas e marcou piadas no coração de todos como o Drácula de Mel Brooks, o médico de Apertem Os Cintos, o Piloto Sumiu!, o agente Dick Steel, o Mr. Magoo e o padre Euposso. 

Nem só de risadas a carreira do homem foi construída e ele enfrentou alienígenas na ficção cult Planeta Proibido, não impediu o triste Destino do Poseidon e foi assassinado por Barbra Streissand em Querem Me Enlouquecer.    

A cara mista de idiotice e benevolência de Lesie Nielsen está na galeria nostálgica da Sessão da Tarde onde guardamos os peitos de Elvira, Ferris matando aula, as bruxas inglesas chefiadas por Anjelica Huston, Indiana Jones, o DeLorean cruzando o tempo, E.T. e a bicicleta, Sr. Miyagi, Slot e o Tom Hanks quando era engraçado.

Se bem que o Hanks continua engraçado sempre que disfarça prisão de ventre com seriedade. O humor no cinema anda caindo pelas tabelas, mesmo com os esforços de Steven Seagal, Julia Roberts, Sandra Bullock e Robert Pattinson.  

Voltando aos comediantes assumidos, tomara que as gerações futuras desfrutem de um próximo Leslie Nielsen saído desse balaio incansável de novidades instantâneas. Nielsen não nasceu comediante, tornou-se nos anos 80, num seriado de televisão que deu origem aos filmes da série Corra Que a Polícia Vem Aí

Lá todo dia tem astro, todo pelego ganha Oscar e comediantes então, explodem aos borbotões. Quem sabe um deles não garanta risadas quando embranquecer os cabelos, usando da sutileza de Nielsen, imortalizado antes mesmo de morrer pelo crítico certeiro Roger Ebert, com o honroso codinome de Laurence Olivier das piadas.  

3 comentários:

Anônimo disse...

Belo texto pra uma piada sem graça. Nunca vou olhar praqueles filmes repletos de (real e mais puro) humor dessa época, sem me lembrar desta triste data. Custei a acreditar que o "velhinho de cabelos brancos daqueles filmes" tinha partido, e nos deixado sós, à mercê de tantos pseudos por aí. Um pequeno, porém importante pedaço do nosso humor e da nossa inteligência se foi hoje. Resta a gente sorrir ao rever as trapalhadas desse grande cara.

Sem mais.

Bibi disse...

Eu sempre confundia Leslie Nielsen com o Steve Martin. Fato. Aff, que peninha...

PutzCri disse...

Calma, cal, deixem o cara morrer em paz. Foi ótimo, mas foi-se. De nossa parte, compactuamos com a idéia que antes dele tivemos ótimos comediantes e também temos e teremos outros ótimos.