segunda-feira, 26 de julho de 2010

Matar ou não matar, eis a questão


TEATRO DA MORTE, também conhecido como AS SETE MÁSCARAS DA MORTE

Coloca aí num caldeirão: Shakespeare, sangue, humor negro, Inglaterra e gente feia. Aí chama o Vincent Price pra tocar a festa, reprisando o eterno papel do vingador amargurado que volta para destruir aqueles que lhe passaram a perna. Pronto. É o filme, é uma beleza.

Num arroubo de criatividade, ele agora é um ator shakespereano, o melhor de seu tempo (na sua própria concepção), reduzido a pó de traque por sete críticos teatrais. Crítico não é flor pra se cheirar e Price, faz a alegria dos artistas sacaneados, exterminando todos os seus detritores artísticos, com uma classe de dar inveja até em Jigsaw, o onipresente matador da série Jogos MortaisO charme incorrigível e a voz retumbante, fizeram de Price o vilão que todos adoravam odiar. 

A presença camaleônica permite que ele delicie-se em mil faces e declame Shakespeare alucinadamente entre boas doses de sangue e humor britânico, para fazer a tão sonhada justiça ao eliminar sete críticos impiedosos á risca dos textos do bardo imortal. Ricardo III, Julio César, Cymbeline, Troilus e Créssida, Romeu e Julieta, todos ali, bons motivos para cortar, decapitar, queimar e divertir o público que há de se interessar por algo no filme. O sangue, a palhaçada ou a cultura teatral, é só escolher.  

O elenco de vítimas é memorável, sortido de veteranos do cinema inglês, Jack Hawkins, Michael Hordern, Harry Andrews e Dennis Price. Ian Hendry é a besta que demora a acreditar que Price está botando um fim a bandalheira crítica.

Coral Browne, que casou-se com Vincent Price após as filmagens, protagoniza com o futuro companheiro uma seqüência hilária, onde ele depois de tanta traquinagem, também se passa por homossexual. 

Milo O'Shea é o detetive raivoso, Robert Morley é a bichinha afetada e Diana Rigg, belíssima, é a companheira de maldade.       

Por esse e tantos outros, Price eternizou-se como um dos cavalheiros do horror, um monstro (no sentido literal) tão sagrado quanto Lugosi, Karloff, Cushing e Lee.

E para você, que jamais assistiu um filme de Price, serve de consolo saber que é a voz dele no clipe de Thriller do Michael Jackson?

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