domingo, 11 de julho de 2010

Menos Pop, Mais Arte


JACKIE BROWN

Tarantino movie, sem a ousadia e a maluquice de Tarantino. Quentin prova por que pode ser um cara sério, honesto, sem exageros. É o mais sóbrio dos seus trabalhos que se teve notícia até então. Levado que só ele, não podia deixar as homenagens de fora e chamou Pam Grier, a primeira negra a protagonizar filmes de ação nos states, para reprisar seu estereótipo.

Ela já não saracoteia mais como Foxy Brown ou Coffy, mas continua perigosa e durona, com todas as tretas embaladas pela soul music, igual nos anos 70. (Quentin, você não para mesmo né?)

O charme crepuscular do filme está na força e no retorno de  Pam. Cansada, aporrinhada de tudo, na maior fossa e no pior emprego, puxando dinheiro para um traficante de armas. A polícia está no seu encalço, ameaçando o desejo de encerrar a vida com estilo, aposentar-se em paz. Mas Pam ou Jackie, whatever, não vai perder a chance de manter-se em pé. Ela é uma dona invocada, daquelas que encosta cano de arma em saco de bandido e vai passar a perna em todo mundo, se deixar, até no espectador.

A conversa em cena não é tão fiada como em Pulp Fiction, aí Quentin prova que sabe absorver o amálgama literário de cabras como Hammett e Chandler. Claro, o argumento é extraído de um livro de Elmore Leonard, um dos grandes escritores policiais ainda na ativa.

O esquema é bem armado e a trama mantém o interesse, apesar do fogo acender só no final e a ganância por meio milhão de dólares enlouquecer todo mundo num shopping. A edição de Sally Menke vai colaborar para a manipulação do suspense.

Samuel L. Jackson é o patrão motherfucker, Robert Forster é o mané apaixonado. Bridget Fonda e Robert De Niro são as duas bestas que quase colocam tudo a perder, fumando haxixe e trepando de maneira asmática. Michael Keaton e Michael Bowen formam a dupla de policiais metidos a espertos que serão feitos de trouxas, cumprindo a regra cinematográfica destinada a qualquer policial com tal comportamento. Participação comportada de Sid Haig, outra figuraça dos anos 70, como um juiz austero.

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