terça-feira, 20 de julho de 2010

A morte tira férias



Noite passada revi Encontro Marcado, um filme de singular importância na minha vida. Me lembra outra época, sem preocupações. Matei aula pra ir ao cinema, muito bem acompanhado de uma moça hoje já casada, pra ver esse filme. Esse e tantos outros, tantas outras aulas perdidas, enfim. Meu passado não vem ao caso, vamos ficar no filme.

Encontro Marcado é um filme de sensibilidade açucarada, pra derrubar diabético. Mas eu gosto. Eu sou brega, curto Flores De Aço, Laços De Ternura, O Campeão e A Cura. Choro até no Romeu e Julieta do Zefirelli e olha que eu nem escrevi ainda sobre Love Affair com o Warren Beatty e a Anette Bening. Nem só de filme europeu, atores mortos e bons roteiros vive um homem. Eis aí meu lado romântico, sonhador. Outono em Nova York e Doce Novembro também me encantam. 
 (Nossa, quantas referências. Um amontoado!)

Por ser um filme de bonitezas, Brad Pitt assume o papel da morte, em férias e cheio de vontade de descobrir qual a graça do nosso mundo. Fazendo-se de morto, mais até do que devia, Brad diverte em cena comendo pasta de amendoim e atrapalhando reuniões empresariais. Nada burra essa morte que escolhe um milionário para ser seu guia em prazeres mundanos, hein?

A segunda e melhor belezura em cena é Claire Forlani, que Brad encaçapa só por achá-la cheirosinha. Ela é mesmo, linda, um estouro. Para agradar as mulheres, é Brad. Para os homens, Claire e sua carinha de humilde. Carinha, corpinho, tudo em cena.

Marcia Gay Harden e Jeffrey Tambor, altamente empenhados, proporcionam o alívio cômico enquanto Jake Weber garante a chatice que todo filme precisa.

O protagonista é o solene Anthony Hopkins que não parece muito á vontade, proferindo monólogos paternalistas para Brad, numa relação agradável de se ver. No fim, a morte percebe que o cotidiano também tem sua graça, e apesar dos pesares, amanhã há de ser outro dia.

Quando o filme começou a ser desenvolvido em 1995, o papel do milionário que ciceroneia a morte estava com o saudoso Christopher Reeve, afastado do projeto por conta de seu trágico acidente.

O visual não deixa barato. Fotografia de Emmanuel Lubezki e trilha sonora de Thomas Newman. Entre as canções, está o mix de What a Wonderful World / Over The Rainbow na voz de Israel Kamakawiwo'ole, ouvida por meio mundo graças ao filme.

A pegadinha moral é a mesma de Perfume de Mulher, também dirigido por Martin Brest, um cara legal que dirigiu Um Tira da Pesada e Fuga á Meia-Noite. A idéia é remake (originalidade) de um filme de 1934, adaptação da peça do italiano Alberto Casella. Depois desse filme, Brest morreu artisticamente ao parir Contato De Risco, o filme que divorciou Jennifer Lopez e Ben Affleck. 

Só pra constar, em toda a graça do filme, uma cena não orna. Alguém lembra do atropelamento do Brad Pitt quando a morte resolve possuir seu corpo para fins tão românticos? Vai ter grosseria assim lá do outro lado da eternidade. 

Noves fora, o filme nas palavras do grande Costinha: "é uma grafinha."

2 comentários:

Unknown disse...

Adorei Vinny!! Ainda não sei como você não é crítico de cinema!!

Marcelo disse...

Foda-se bichona.