quinta-feira, 29 de julho de 2010

O que terá acontecido a Teddy Daniels?



Agora eu posso começar um post de maneira chique. Assisti esse filme em Londres, durante minha curta aventura européia. Bancando mais o intérprete do que espectador, o filme acabou no cinema e eu tinha uma conclusão.

Revi o filme em casa na última noite, e tirei duas conclusões, uma sobre o final e outra sobre a graça, o prazer de assistí-lo. Ilha do Medo é um filme aberto, daqueles que você senta num banco de praça com seu melhor amigo, acende um cigarro e pergunta: "Diz aí, Jão, que carai aconteceu com o DiCaprio naquele filme?".

Não é o primeiro e nem será o último a acabar e deixar a gente cheio de dúvidas. Buscar explicações, obter conclusões e afirmar o que realmente aconteceu após duas horas de produção, é procurar defunto onde não tem velório.

Os pseudo-cults formularam teoria, os formadores de opinião pariram a suas. Beleza, tá legal. Mas ninguém é dono da verdade, nem eu. Por isso é que a maioria esqueceu de aproveitar o filme em ritmo de espetáculo, o que ele é, do começo ao fim. Alguns acham que o filme é sobre loucura, outros sobre o medo. Tô na segunda opção. É um filme de terror.

Chique, bem pago e produzido, classudo, mas é terror pra ser consumido pela massa e apreciado com carinho por quem entende do compasso. Não se prova o contrário. Tem sangue, deformidade e até morte de criança, coisa altamente apelativa desde que o mundo é mundo. 

DiCaprio é o herói e sua postura diante das ameaças enfrentadas é a mesma de Jeff Daniels em Aracnofobia, o cara com medo de aranha numa cidade cheia delas.

Pra iluminar e atentar, DiCaprio não fica louco. Ele já é, desde a guerra, desde a morte da esposa. O roteiro faz umas pegadinhas até o fim, pra coisa ficar melhor, mostra o descontrolado buscando controle no olho do furacão. Desejo de vingança se confunde com paranóia, traumas de guerra geram teorias de conspiração, o horror... oh, o horror! Seu personagem vai perdendo a cabeça aos poucos, talvez ele seja até o candidato da Manchúria. E se você não sabe quem é, vai ali no Google que ele já te explica.

Passado o problema, comentar a trama labiríntica e vivaz, é sacanagem. Scorsese fez um filme para impressionar, tão exagerado e charmoso quanto Cabo do Medo. Deixou a dúvida no ar priorizando o texto de Dennis Lehane, como um cagaço final, coisa do gênero terror, fartamente homenageado aqui junto com o noir. Kubrick, Val Lewton e nem mesmo Michael Powell escapou da honraria. 

O cenário é outra atração. Graças ao clima de pavor e a brilhante direção de arte de Dante Ferretti, ele parece abrigar uma ameaça ancestral além dos loucos encarcerados. A música escolhida a dedo, piora a situação. Uma peça de Penderecki (compositor que também estava na trilha sonora de O Exorcista) define toda a ação e marca o ritmo do nervosismo. Ouví-la sem o filme, é pior.  

O elenco vale a espiadela. DiCaprio ainda tem o que melhorar. Ele passa quase o filme todo com cara de constipado, mas volta e meia tem um arroubo de brilho. Mark Ruffalo é o mais acéfalo dos parceiros. As primeiras escolhas de Scorsese para os papéis eram melhores, Robert Downey Jr. e Josh Brolin. Bem melhores.

No jogo de cena, Ben Kingsley dá o tapa e esconde a mão. Max Von Sydow colabora na dobradinha ameaçadora. Os dois estão ótimos. É a dupla "Embrulha e Joga Fora" da vilania. Para os capangas, Scorsese escolheu John Carrol Lynch e Ted Levine, ícone do terror, o Buffalo Bill de O Silêncio dos Inocentes.

Emily Watson pode ser ou não a maluquinha desaparecida, Patricia Clarkson também. Jackie Earle Haley, feio como só ele poderia ser, é a voz da razão. Elias Koteas é o fantasma, assombrando DiCaprio junto com Michelle Wiliams. Robin Bartlett é a paciente nervosa que matou o marido a machadadas. Seu movimento em cena somado ao final do filme, faz parte da minha solução.

A sua, eu gostaria de saber. Você assiste e pensa o que bem quiser. Quem sabe até, a gente conversa sobre o filme, trocamos idéias e rimos após isso tudo.

Só não venha me dizer que você TEM certeza.

Um comentário:

kaworu disse...

como ja disse, eu acho que ele era louco dali mesmo, e em meio a paranoia viu oq nao devia, ai o geito foi fazer o louco que não sabia que era louco, descobrir que louco era, em meio a um plano todoooo elaborado