terça-feira, 13 de julho de 2010

Um sonho... possível?



Um Sonho Possível


Eu sou uma pessoa teimosa. Noite passada eu quis me torturar. "Vou assistir Um Sonho Possível, ver se essa porra de Oscar tem razão com o prêmio da Sandra Bullock."

Começo a assistir e deu meia hora, pensei: "Qualé! Já vi isso!".

O filme é um primo rico de Preciosa. Aqui, os sonhos de Preciosa viram realidade. Repara comigo: ambos os filmes tratam de pessoas gordas e negras que todos consideram estúpidos, foram abandonados pelas mães e conseguem superar as dificuldades da vida.

A diferença desse aqui é a ausência de fada-madrinha para a gordinha de nome estranho de Preciosa, simples. O drama é batido, previsível em segundos. Até um acidente automobilístico é previsto.


O filme, é um libelo para provar que pessoas lindas, ricas e loiras sabem fazer caridade abaixo de piadinhas racistas de envergonhar quenga de esquina. É para garantir que o Sul dos EUA ainda é um lugar atrasado cheio de códigos, rapapés sociais e preconceitos. E sobretudo, perpetuar a existência desse tipo de filme, popularíssimo entre professores, bacharéis, doutores e donos de boteco que curtem essas teorias de que a vida funciona como em qualquer esporte. O importante é competir.


Momentos bonitos não faltam. Foram concebidos com o cuidado de estar ali, emocionando o povão. Eu mesmo, me emocionei várias vezes com o filme, sem verter lágrimas, porém tocado. A fotografia e a trilha sonora de Carter Burwell também ajudam. Saber que é baseado em fatos reais então, me tira o fôlego.


Nem tudo está perdido. Jae Head como o pequeno mercenário SJ, é a melhor coisa do filme. Um garoto espontâneo misto de empresário, gigolô e cafetão. Kim Dickens é a belíssima Sra. Boswell, que acredita no herói. O protagonista Quinton Aron também é um poço de simpatia, sério. Kathy Bates é a Madame Sousatzka da vez.

A moça que levou o Oscar, Sandra Bullock, não decepciona jamais. Com o excesso de plásticas e os movimentos faciais ainda mais bloqueados, Sandra está errada em todos os níveis, parece uma caricatura de Dolly Parton, sem as tetas e a cara de anjo. Falseando sotaque e forçando a cara de drama (ou seria constipação?), é uma piada sem fim. Nos anos 80, teria arrasado corações com tanta canastrice junto ao pessoal do Dallas. Como num pesadelo, visito o IMDB e descubro que Julia Roberts era a primeira escolha para o papel da loira perua caridosa. Obrigado Jesus. Dois Oscar para Julia seria demais para il mio cuore.

Claro, eu entendi o pito desmoralizador: Temos sempre que proteger o lado cego de quem amamos de verdade.

Lindão, né?
Me emociono...

Um comentário:

Fabi disse...

Coincidência das coincidências, assisti ontem também!E me lembrou bem o que poderia ser o lado A de Preciosa. Pior cena: aquela do chá c/ as amigas, onde elas a reprimem por adotar um negro. fake, fake, fake até o fim! Entretanto,assistível!